Muitos jovens sonham em trabalhar no mercado financeiro e muitas vezes me perguntam o que têm que fazer para conseguir uma colocação em uma instituição financeira. Como profissional dedicada ao desenvolvimento de pessoas para esse mercado, meu conselho é sempre o mesmo: comece fazendo uma prova de certificação. Mas qual a mais adequada?
Em 2003, o Conselho Monetário Nacional, órgão diretivo do Mercado Financeiro, aprovou, através do Banco Central do Brasil, a Resolução 3158, que obriga os profissionais que mantém contato com o investidor, seja de renda fixa ou ações, a terem um mínimo de conhecimento sobre os produtos e sobre o mercado. Foi um grande avanço para o mercado financeiro. As certificações vêm elevando o nível dos profissionais e, conseqüentemente, eleva o nível do atendimento ao cliente, que tende a ser pautada na ética e no profissionalismo, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento do mercado financeiro e de capitais de uma maneira sustentada, e permitindo que as empresas captem recursos para o seu crescimento e o desenvolvimento do país.
São muitas certificações, uma sopa de letrinhas cujo sabor final é o crescimento profissional daqueles que buscam espontaneamente ou não as certificações. Conheça cada uma delas.
Para aqueles que querem trabalhar na área comercial, existem as certificações abaixo:
ANBIMA CPA-10 – obrigatória para quem deseja trabalhar emagência bancária, como gerente de contas. A ANBIMA é uma associação de mercado que representa instituições financeiras.
ANBIMA CPA-20 – obrigatória para quem deseja trabalhar com os trabalhar em trabalhar com os chamados investidores qualificados, aqueles que têm mais de R$ 300.000,00 aplicados no mercado financeiro.
ANCORD – obrigatória para quem quer ser agente autônomo de investimentos, aquele profissional que não é funcionário de nenhuma instituição financeira, mas representa determinadas instituições vendendo produtos de investimento, tal como ações e fundos de investimento. A ANCORD é uma associação que representa as Corretoras e Distribuidoras. Além da prova da ANCORD, quem quer ser agente autônomo e trabalhar na corretora, hoje já não necessita de fazer a prova doPQO da BM&FBOVESPA também.
ANBIMA Private Banker/CFP® – é aconselhável para quem deseja trabalhar como Planejador Financeiro ou Private Banker, aquele profissional que atende clientes investidores que têm mais de alguns milhões de reais, dependendo esse corte das regras de cada banco.
Para aqueles que desejam trabalhar como consultores de investimento ligados a uma instituição bancária, a certificação adequada é a ANBIMA CEA. Esse consultor é aquele profissional que não fica diretamente na agência, mas auxilia o profissional da área comercial, dando explicações aos clientes sobre investimentos.
Muitos jovens sonham em ser gestores de recursos, decidindo, por exemplo, que ações e títulos devem entrar ou sair de um fundo de investimento. Para esses, é mandatória a certificação ANBIMA CGA, uma certificação muito extensa em termos de conhecimento necessário do postulante ao cargo.
A APIMEC, instituição que representa os profissionais do mercado de capitais, certifica os analistas de investimento. O analista é aquele profissional que se dedica a analisar o desempenho do mercado, dos setores econômicos e das empresas, recomendando a compra ou venda de alguma ação. Existem duas certificações para esses profissionais, a saber:
APIMEC CNPI-P – mandatória para os analistas fundamentalistas, aqueles profissionais que visitam as empresas e preparam relatórios recomendando a compra ou vende de suas ações, com base nos fundamentos da empresa.
APIMEC CNPI–T – focada nos analistas técnicos, aqueles profissionais que fazem recomendação de compra ou venda de ações com base em estudos estatísticos que se baseiam, de uma forma simplificada, no preço e volume negociados.
Há os profissionais que trabalham gerindo recursos de institutos de previdência municipal e estadual. Esses profissionais devem, no mínimo, ter a certificação RPPS da ABIPEM, Associação Brasileira dos Institutos de Previdência Estadual e Municipal.
Por fim, a mais recente das certificações está voltada para os funcionários de correspondentes bancários, aquelas pessoas que trabalham nos supermercados, por exemplo, vendendo produtos financeiros. Cabe ao SINDFIN e a ACREFI certificar esses profissionais.
Há muita confusão nesse mercado de certificação. Aqueles que gostam de estudar, costumam não parar mais de fazer as provas e vão acrescentando cada vez mais letrinhas no seu cartão de visitas. É louvável o perfeccionismo dessas pessoas, mas o mais importante é ter a certificação exigida pelo mercado e os órgãos reguladores para cada caso. Afinal, você não pode exercer todos os papéis no mercado financeiro e terá que escolher se quer trabalhar na área comercial, como analista, consultor ou gestor. A CVM, Comissão de Valores Mobiliários, é dura quanto a estas questões de conflito de interesse e fica de olho no profissional que se aventura a abraçar o mundo com as mãos, desempenhando mais de um papel nesse mercado.
Para o profissional, a certificação agrega muito valor. Para começar, o up grade no conhecimento sobre o mercado e seus produtos permite que o profissional tenha mais confiança quando está de frente para seus clientes. Certamente que essa atitude é percebida pelos clientes, se transformando em um aumento do relacionamento que estes têm com o banco. E, à medida que o profissional vai tirando outras certificações, ele passa a ter acesso a outros nichos de clientes, mais sofisticados, além de permitir um crescimento não somente vertical na instituição financeira, mas também horizontal, exercendo outras atividades.
As provas das certificações são, na sua grande maioria, feitas no computador, com hora e local marcados. A tabela abaixo mostra a quantidade de questões em cada prova.
Quantidade de questões nas certificações
A prova do CNPI é dividida em três partes. A primeira, de conteúdo mais global (CB) sobre o mercado e seus produtos, é obrigatória para quem vai fazer o CG1 (analista fundamentalista) e para quem quer fazer o CT1 (analista técnico), que têm a segunda fase separada.
O exame para o CGA é muito extenso em ambos os sentidos. Tanto em quantidade de disciplinas como em profundidade técnica. Aconselho fortemente a só se inscrever para esse exame aquelas pessoas que já tenham, no mínimo, um MBA em Finanças e que gostem de estudar.
O CPA-10 é a prova mais fácil. O CPA-20 é uma prova que eu considero como um “must” para quem quer atender o cliente investidor, pois ela exige um mínimo de conhecimento de risco, fundamental para quem vai lidar diretamente com fundos de investimento, CDB, ações e outros investimentos financeiros. Veja a seguir uma tabela comparativa sobre o conteúdo dos CPAs, com o grau de profundidade de cada disciplina em uma escala de zero a cinco sendo 0 (zero) a ausência de exigência e 5 (cinco) o conteúdo mais avançado, comparando-se as exigências das duas provas entre si.
Conhecimento requerido
Resumindo, se você está interessado em ingressar no mercado financeiro, comece desde já a se preparar para as provas de certificação. Na hora da contratação, a instituição financeira vai dar preferência a alguém já certificado.